31/05/2007

Yume



A midspring night's dream.

28/05/2007

Mau mau

Pá, enganei-me.
Ia a desligar o descomplicador e, acidentalmente, liguei o complicador.
Nisto, sou mesmo um objecto permanente em negativo: não me acho nada volátil. Mas, pensando melhor, se calhar sou. Sou muito! Muito, mesmo.
Bah.

22/05/2007

Keywords ate mim



Que coisa bonita que descobri desde a semana passada. Só espero que alguém tenha tido um bom jantar em ponte de lima graças a este blog, mas acho que não.

15/05/2007

35

Uma grande fronteira psicológica.

14/05/2007

Uma amiga

- Menina, posso sentar-me aqui ao seu lado? Desculpe, menina, mas aquele banco está à sombra e os outros estão ocupados... oh, está a ver? Eu conheço aquelas senhoras, mas não me apetece... Eu ando ali no lar, sabe? Ali, na rua do vilar, ao pé da igreja, sabe qual é? ... Quer dizer, vou lá comer, à noite não fico lá. À noite, tenho a minha casinha, é triste, estou muito sozinha, mas é melhor...É isso menina, é um centro de dia, a menina sabe o que é? Ah, a sua mãe tem um lar. Sei qual é, sei qual é, sim senhora. É muito bom. Não tem muito tempo, esse, pois não? Este é mais antigo. Eu estou bem lá, gosto das doutoras. Elas dizem-me "dona belmira", e eu digo logo: "dona belmira, não. Belmirinha. Somos amigas, não somos?". Elas tratam-me muito bem e fazem passeios... Eu gosto disso. Sou muito sozinha, não é? Tinha o meu marido, muito bom, muito bom para mim, para os filhos. Mas era doente pela bola. Olhe, estava a ver um jogo, era o porto boavista, sentiu-se mal. Era portista, era, era doente. O que ele gostava do porto. O porto perdeu 4 a 0, nunca mais me esquece. E ele, e ele... fiquei sozinha. Tenho as vizinhas, as outras senhoras, olhe, aquelas também, estão agora ali naquele banco... mas não gosto, menina. 'Tá-me a compreender? Eu gosto de falar de mim, não é dos outros... já percebeu? É. Já tenho 83 anos... mas até prefiro estar sozinha. Prefiro, não gosto daquelas conversas... São muito boas senhoras, mas não gosto. Prefiro sentar-me aqui, ao lado da menina... Havia um senhor, vínhamos todos os dias aqui passear ao palácio. Era um homem muito correcto. Mas tinha aquela religião...sabe? Aquela, ali, da rua miguel bombarda. Um dia disse-me: "belmirinha, já é altura de nos tratarmos de outra forma. Venha morar comigo e casámo-nos". E eu disse-lhe: "não, alberto, o meu marido não ia gostar, nem os meus filhos, eu estou bem assim". Mas a verdade, menina, é que ele era de outra religião, e eu... e eu... e eu, olhe, não sei. Só sei que não me convidou mais para passear e já nem aparece para comer no lar. Mas era um homem muito bom, muito bom também. Era uma companhia, falávamos muito. Eu não gosto de falar com aquelas senhoras, está a ver? Até mal dos filhos dizem, e eu não acho bem, não é? Os filhos têm a vida deles, eles é que sabem, é deixá-los... O meu marido era carmélio, é um nome surpreendente, não é? Nós até chamámos assim a um dos nossos netos... foi uma trabalheira! Dá muito trabalho, eles lá são muito rigorosos... mas o nome já estava registado, então... ficou. E eu sou a belmira... não gosto é que digam: "dona belmira". No outro dia, as doutoras levaram-me àquelas casas... que mostram fotografias, sabe? Sabe como é? É tudo tão bonito, são fotografias que aquilo é arte, é maravilhoso. E eu gosto tanto...Sabe como são essas casas, como se chamam... a gente vai lá e fica sempre tão impressionada, aquilo é tão bonito, aqueles trabalhos muito bem feitos... é um museu, é isso, é, menina. Eu gosto muito, e as doutoras sabem que eu gosto, fazem passeios. Mas vamos só nós, do lar, as vizinhas não vão. Sabe? Também, acho que nem iam gostar. É melhor assim, não é? Vai embora? Ah, trabalha ali... Eu tinha aí um sobrinho, trabalhava assim, sabe o que é? É isso, é, era escriturário. Já mudou, mas está muito bem. Eu vou consigo, vou consigo até à porta, as senhoras ali vão ficar a olhar, mas não faz mal. Eu gosto de vir aqui assim, arranjo sempre companhia. Então adeus menina, adeus, deus a ajude. Como se chama? Susana? Ah, então adeus, menina susana, gostei muito de falar consigo. Quando a vir aqui no jardim, já sei. Eu sou a belmirinha, também já sabe, já somos amigas. Adeus, menina, adeus.

09/05/2007

Miscelanea

Ora isto aqui é um espaço de miscelânea.
Ontem, por exemplo... aquilo era uma claque de rugby neo-zelandesa ou era apenas a feup?
E eu gosto de dizer moqtada al-sadr. Moqtada al-sadr! Zarqawi também era fixe.
Qualquer dia, eu e o objecto permanente vamos publicar aqui uma listinha de músicas começadas em pum pum-pum tchhh pum pum-pum tchh. Já só falta uma!
Cunhadinho, porque já foste ver o caimão? E agora, quem me leva? Desde o quarto do filho que o eno não me saiu do ouvido.
Ahhh... vou começar a treinar a minha marselhesa.

08/05/2007

Cuspidela vertical

Na abertura da última única, na coluna fama, os jornalistas do expresso resolvem troçar da concorrência, aproveitando-se de uma gaffe no suplemento ípsilon do público. A gaffe em questão trata-se de uma cambalhota no francês, ao traduzirem ombre por ombro, numa entrevista a camané. O expresso ainda ironiza em cima da resposta do fadista, obtida através de rasteirada, e remata com a sentença do provedor do leitor sobre a questão: "Um texto de várias páginas com aquele destaque (...) não foi lido por mais ninguém no jornal antes de ser publicado?" Não deve ter sido, não. Mas, imediatamente ao lado, a única também nos dá conta que foram lançadas no espaço as cinzas de james doohan, o actor que interpretava o robot scotty em star trek. Esta notícia pode não ter o mesmo destaque da entrevista, mas fica muito mal ao lado da trocinha concorrencial.

07/05/2007

Uma fotografia

... não é uma opinião.



Ou é?

04/05/2007

1º Concurso Nacional de Chamamento de Pavoes

A decorrer nos jardins do palácio de cristal.

- Meoaaaahhhhhh!!! Meoaaaahhhhhh!!!

- Mewowwww!!! Mewowwww!!!

- Mieeeeaaaahhh!!! Mieeeeaaaahhh!!!

- Yaowwww!!!! Yaowwww!!!!

Maio

Descascar ervilhas ou favas. Tirar as camisas das favas. Favas e ervilhas em sacas de plástico monocromáticas e desprovidas de "dizeres". Sábados e domingos à tarde, sentada ao pé da mãe, a assistir ao júlio isidro ou à casa da pradaria. Época de comunhões, fatiotas para as festas, vestidos costurados, aos favos e com golas debruadas. Flores pelos caminhos, de todas as variedades, sendo as minhas preferidas umas pequeninas, de pétalas lilases e minúsculas, em forma de escova de lavar biberões, ou as perfumadas e clássicas rosas de santa teresinha. Em miramar, cobriam paredes inteiras e eram uma verdadeira festa para os sentidos infantis, prontos e novos a estrear. As heras escureciam as paredes, as rosas pontilhavam-nas na suave cor pastel. As cerejas borbulhavam nos caixotes de fruta das mercearias. Quanto mais rubras, mais convidativas, por mais conselhos que ouvisse sobre as qualidades açucaradas das de saco. Até os magnórios eram apelativos, graças à sua especificidade sazonal. Sabiam a sol e àqueles dias maiores. Mês da nossa senhora. Mês de interromper a classe para frequentar o coro. Mês de homenagear os pastorinhos que, tão pequeninos como nós, receberam a benção de ver a nossa senhora, num bonito dia de primavera, um dia tão bonito agora como outrora.
No primeiro dia, ramos com flores amarelas à porta. São as maias, é maio à porta. É o início, outra vez.