14/06/2007

Aos taradonautas

Eu sei. A culpa é minha. Quis um título de blog chamativo. Irreverente. Cool. Como não surgiu mais nada, achei que 'era fodido' arranjar um título assim. O drama de uma copywriter que não tem muito jeito para 'naming', confesso. Eu é mais headlines e spots de rádio. Acontece. Como 'era fodido', decidi assumir esta dificuldade e promovê-la a título. Claro que é uma coisa minha e escusava justificar-me. É mesmo tão inocente quanto isto.
Percebo a vossa urgência por sexo e a recorrência ao mundo virtual. É fácil e higiénico (?). Mas nunca pensei que alguém que pesquisasse através de keywords tão explícitas como 'foda', 'fodida', 'amiga fodida', 'amiga fode amiga', 'gajas gordas', 'marido fodido', 'marido fode amiga', entre outras, se desse ao trabalho de vir aqui parar.
É que não estou mesmo a imaginar, uma vez que quando o meu mui inocente blog aparece em qualquer pesquisa, aparece sempre com um pouco da minha prosa agregada, que aposto que elimina qualquer vestígio concupiscente latente.
A não ser que exista alguma tara por arrotos de prosa feminina sobre coisa nenhuma que dominam este canto meu, mas tenho sérias dúvidas.
Posto isto, espero mais sorte para a vossa próxima pesquisa, admitindo que desejar-vos boas-vindas é já ir um pouco longe demais na minha consideração. Espero que fiquem em boas mãos ( e lavem as vossas depois, ok?)

01/06/2007

Um expresso



Sonho com bilhetes de avião desenhados em guardanapos.

31/05/2007

Yume



A midspring night's dream.

28/05/2007

Mau mau

Pá, enganei-me.
Ia a desligar o descomplicador e, acidentalmente, liguei o complicador.
Nisto, sou mesmo um objecto permanente em negativo: não me acho nada volátil. Mas, pensando melhor, se calhar sou. Sou muito! Muito, mesmo.
Bah.

22/05/2007

Keywords ate mim



Que coisa bonita que descobri desde a semana passada. Só espero que alguém tenha tido um bom jantar em ponte de lima graças a este blog, mas acho que não.

15/05/2007

35

Uma grande fronteira psicológica.

14/05/2007

Uma amiga

- Menina, posso sentar-me aqui ao seu lado? Desculpe, menina, mas aquele banco está à sombra e os outros estão ocupados... oh, está a ver? Eu conheço aquelas senhoras, mas não me apetece... Eu ando ali no lar, sabe? Ali, na rua do vilar, ao pé da igreja, sabe qual é? ... Quer dizer, vou lá comer, à noite não fico lá. À noite, tenho a minha casinha, é triste, estou muito sozinha, mas é melhor...É isso menina, é um centro de dia, a menina sabe o que é? Ah, a sua mãe tem um lar. Sei qual é, sei qual é, sim senhora. É muito bom. Não tem muito tempo, esse, pois não? Este é mais antigo. Eu estou bem lá, gosto das doutoras. Elas dizem-me "dona belmira", e eu digo logo: "dona belmira, não. Belmirinha. Somos amigas, não somos?". Elas tratam-me muito bem e fazem passeios... Eu gosto disso. Sou muito sozinha, não é? Tinha o meu marido, muito bom, muito bom para mim, para os filhos. Mas era doente pela bola. Olhe, estava a ver um jogo, era o porto boavista, sentiu-se mal. Era portista, era, era doente. O que ele gostava do porto. O porto perdeu 4 a 0, nunca mais me esquece. E ele, e ele... fiquei sozinha. Tenho as vizinhas, as outras senhoras, olhe, aquelas também, estão agora ali naquele banco... mas não gosto, menina. 'Tá-me a compreender? Eu gosto de falar de mim, não é dos outros... já percebeu? É. Já tenho 83 anos... mas até prefiro estar sozinha. Prefiro, não gosto daquelas conversas... São muito boas senhoras, mas não gosto. Prefiro sentar-me aqui, ao lado da menina... Havia um senhor, vínhamos todos os dias aqui passear ao palácio. Era um homem muito correcto. Mas tinha aquela religião...sabe? Aquela, ali, da rua miguel bombarda. Um dia disse-me: "belmirinha, já é altura de nos tratarmos de outra forma. Venha morar comigo e casámo-nos". E eu disse-lhe: "não, alberto, o meu marido não ia gostar, nem os meus filhos, eu estou bem assim". Mas a verdade, menina, é que ele era de outra religião, e eu... e eu... e eu, olhe, não sei. Só sei que não me convidou mais para passear e já nem aparece para comer no lar. Mas era um homem muito bom, muito bom também. Era uma companhia, falávamos muito. Eu não gosto de falar com aquelas senhoras, está a ver? Até mal dos filhos dizem, e eu não acho bem, não é? Os filhos têm a vida deles, eles é que sabem, é deixá-los... O meu marido era carmélio, é um nome surpreendente, não é? Nós até chamámos assim a um dos nossos netos... foi uma trabalheira! Dá muito trabalho, eles lá são muito rigorosos... mas o nome já estava registado, então... ficou. E eu sou a belmira... não gosto é que digam: "dona belmira". No outro dia, as doutoras levaram-me àquelas casas... que mostram fotografias, sabe? Sabe como é? É tudo tão bonito, são fotografias que aquilo é arte, é maravilhoso. E eu gosto tanto...Sabe como são essas casas, como se chamam... a gente vai lá e fica sempre tão impressionada, aquilo é tão bonito, aqueles trabalhos muito bem feitos... é um museu, é isso, é, menina. Eu gosto muito, e as doutoras sabem que eu gosto, fazem passeios. Mas vamos só nós, do lar, as vizinhas não vão. Sabe? Também, acho que nem iam gostar. É melhor assim, não é? Vai embora? Ah, trabalha ali... Eu tinha aí um sobrinho, trabalhava assim, sabe o que é? É isso, é, era escriturário. Já mudou, mas está muito bem. Eu vou consigo, vou consigo até à porta, as senhoras ali vão ficar a olhar, mas não faz mal. Eu gosto de vir aqui assim, arranjo sempre companhia. Então adeus menina, adeus, deus a ajude. Como se chama? Susana? Ah, então adeus, menina susana, gostei muito de falar consigo. Quando a vir aqui no jardim, já sei. Eu sou a belmirinha, também já sabe, já somos amigas. Adeus, menina, adeus.

09/05/2007

Miscelanea

Ora isto aqui é um espaço de miscelânea.
Ontem, por exemplo... aquilo era uma claque de rugby neo-zelandesa ou era apenas a feup?
E eu gosto de dizer moqtada al-sadr. Moqtada al-sadr! Zarqawi também era fixe.
Qualquer dia, eu e o objecto permanente vamos publicar aqui uma listinha de músicas começadas em pum pum-pum tchhh pum pum-pum tchh. Já só falta uma!
Cunhadinho, porque já foste ver o caimão? E agora, quem me leva? Desde o quarto do filho que o eno não me saiu do ouvido.
Ahhh... vou começar a treinar a minha marselhesa.

08/05/2007

Cuspidela vertical

Na abertura da última única, na coluna fama, os jornalistas do expresso resolvem troçar da concorrência, aproveitando-se de uma gaffe no suplemento ípsilon do público. A gaffe em questão trata-se de uma cambalhota no francês, ao traduzirem ombre por ombro, numa entrevista a camané. O expresso ainda ironiza em cima da resposta do fadista, obtida através de rasteirada, e remata com a sentença do provedor do leitor sobre a questão: "Um texto de várias páginas com aquele destaque (...) não foi lido por mais ninguém no jornal antes de ser publicado?" Não deve ter sido, não. Mas, imediatamente ao lado, a única também nos dá conta que foram lançadas no espaço as cinzas de james doohan, o actor que interpretava o robot scotty em star trek. Esta notícia pode não ter o mesmo destaque da entrevista, mas fica muito mal ao lado da trocinha concorrencial.

07/05/2007

Uma fotografia

... não é uma opinião.



Ou é?

04/05/2007

1º Concurso Nacional de Chamamento de Pavoes

A decorrer nos jardins do palácio de cristal.

- Meoaaaahhhhhh!!! Meoaaaahhhhhh!!!

- Mewowwww!!! Mewowwww!!!

- Mieeeeaaaahhh!!! Mieeeeaaaahhh!!!

- Yaowwww!!!! Yaowwww!!!!

Maio

Descascar ervilhas ou favas. Tirar as camisas das favas. Favas e ervilhas em sacas de plástico monocromáticas e desprovidas de "dizeres". Sábados e domingos à tarde, sentada ao pé da mãe, a assistir ao júlio isidro ou à casa da pradaria. Época de comunhões, fatiotas para as festas, vestidos costurados, aos favos e com golas debruadas. Flores pelos caminhos, de todas as variedades, sendo as minhas preferidas umas pequeninas, de pétalas lilases e minúsculas, em forma de escova de lavar biberões, ou as perfumadas e clássicas rosas de santa teresinha. Em miramar, cobriam paredes inteiras e eram uma verdadeira festa para os sentidos infantis, prontos e novos a estrear. As heras escureciam as paredes, as rosas pontilhavam-nas na suave cor pastel. As cerejas borbulhavam nos caixotes de fruta das mercearias. Quanto mais rubras, mais convidativas, por mais conselhos que ouvisse sobre as qualidades açucaradas das de saco. Até os magnórios eram apelativos, graças à sua especificidade sazonal. Sabiam a sol e àqueles dias maiores. Mês da nossa senhora. Mês de interromper a classe para frequentar o coro. Mês de homenagear os pastorinhos que, tão pequeninos como nós, receberam a benção de ver a nossa senhora, num bonito dia de primavera, um dia tão bonito agora como outrora.
No primeiro dia, ramos com flores amarelas à porta. São as maias, é maio à porta. É o início, outra vez.

27/04/2007

Hawking

É verdade? Os universos paralelos existem? A informação é, afinal, preservada?
Isso quer dizer que deus vai dar-me uma fichinha. Ou já deu. Ou está a dar agora.
Oba oba!

20/04/2007

Haec olim memenisse invabit

Nunca o sol brilhou na minha cara assim. De manhã e já forte. Revigorante. Limpo. Prometedor.
Todas as manhãs desfilava naquela passarela de tábuas até chegar ao palco mais feliz do mundo. E era mesmo um palco do mundo.
Os meus rituais japoneses seguidos à risca todas as manhãs, do 1º ao último dia de trabalho, lembravam-me porque estava ali, antes de tudo o mais. Inseri-me numa cultura diferente e aceitei-a com a humildade de quem faz uma experiência com o único intuito de conhecer. Curiosidade pura. Um deslumbre infantil ou ingénuo, fruto da minha virgindade viageira. Não podia ter corrido melhor.
Uma casa (o moquifo) partilhada a 3. Uma porta arrombável, a segurança extrema. Boa noite, sr. sem abrigo. Desculpe o mau jeito, é só para abrir a porta, com licença. Liberdade total para uma decoração personalizada. Um altar polinésio à beleza masculina logo à entrada, como sinal de boas-vindas. Uma rua em pleno centro da capital, um luxo. Para quê televisões quando existe uma janela num lugar assim? E um gil por cada par de circunferências.
Todas as noites, um sentimento de alegria urgente. Pressa para divertir. Espectáculos, visitas, conversas à beira-rio, copos e danças, desfiles de looks improvisados, olás a gente de todos os lugares, de todos os continentes. Luzes, barcos, jardins, esplanadas, boa mesa, música, festa estampada nas caras bem-dispostas. Um sentimento latente de que tudo ia acabar, um sonho desperto, não havia tempo a perder.
E tudo acabou num magnífico, estrondoso, espectacular festival de fogo de artifício. Mesmo como convinha. Apesar de toda a vontade de querer voltar um segundo atrás, que fosse.
Deus, quando é que posso voltar a ter 26 anos outra vez? Dá-me uma ficha só para mais uma voltinha.

18/04/2007

Varinha tragica

Estou com uma dor de cabeça horrível, nojenta, estuporada.
Não dói acutilantemente, mas mói persistentemente.
Contabilizei perto de 55 horas de dor de cabeça contínua.
Uma dor vagarosa, molestadora, sub-reptícia, maldosa, dolosa.
Nem me deixou apreciar convenientemente as minhas lindas bat for lashes.
Acho que algum gnomo (um leprechaun?) se introduziu ouvido adentro, munido de uma poderosa varinha mágica, e está agora entretido a empapar a minha mioleira. Maldito sejas. Raios ta partam, ó anãozinho.
Rauss daqui para fora. Rauss!!!!
Grunf. E está um dia do caraças!

11/04/2007

Querido Judas

Sempre soube que eras boa pessoa. Espero que a tua memória encontre, finalmente, um pouco de paz. Quero que saibas que sempre estranhei e desprezei a forma como foste tão malquisto durante toda esta pequena eternidade. Como é que no meio de tantas mensagens de amor, tolerância, paz, houve lugar para tanto ódio. Provavelmente, tudo começou com a inveja. Não me perturba pensar que os teus companheiros sofressem desse mal. Já andaram a insinuar umas coisas, aqui há uns tempos, a propósito da madalena. Outra infeliz tão maltratada pela história. Tu também o foste, mas acho que padeceste de grande parte desses maus tratos ainda em vida. O pedro conseguia ser bem retorcido, hã? Um santo dum homem, mas com as suas fraquezas. Todos falam nelas, mas a ele tudo foi desculpado. Ouvi dizer que eras o único proveniente da judeia. Isso chega a explicar muita coisa. Deixa lá. Um dia, todos perceberão o erro histórico chamado irineu (mas, depois de gregório xiii, se calhar não adianta de nada). Gostei muito de teres posto o teu mestre às gargalhadas. Muito bom. Provavelmente, começaram aí as invejas: alguns dos teus companheiros gostariam de ser levados mais a sério, sabes? De qualquer modo, eu prefiro a tua versão. Mas é fodido, não é?
*Beijo*

05/04/2007

Ganda landes

A páginas tantas, o economista david s. landes, talvez revendo-se no que descreve, acusa alguns teóricos de tentarem escamotear a verdade sobre as conquistas espanholas, pois até que muitos deles serão descendentes desses conquistadores (por serem americanos de nome europeu? E tu, david s. landes?). Diz landes que estes teóricos vão ao ponto de fazerem um paralelo entre a conquista espanhola e a colonização norte-americana (para começar, já gosto da introdução da palavra “colonização” pelo autor, para referir a ocupação do norte da américa, por oposição à “conquista” pura e dura da américa mais a sul) pelos anglo-saxões e protestantes, em termos de violência. Oh infâmia. Oh ignomínia. É preciso ter lata, hã? Para este autor, a única intenção de vários historiadores e ideólogos latino-americanos é desculparem-se da perversidade dos seus antepassados com a maldade dos outros. Tsc, tsc. Landes nunca recorreria a tamanha parcialidade histórica. E, para que tal fique claro, remata toda esta explanação com uma nota de autor em rodapé, que passo a transcrever:

“* Será realmente assim? Os colonos britânicos na América do Norte eram capazes de cometer um homicídio a sangue frio, mas não eram propensos à prática do sádico suplício e da tortura. E, se perguntarmos quem pode medir essas coisas, parece-me haver aqui uma importante diferença operacional, a saber, se eu fosse um índio, preferiria morrer às mãos de um britânico, e não de um espanhol. Morte é morte, mas com o primeiro, eu poderia caminhar mais rapidamente para a morte - e razoavelmente inteiro.”

Ai querem objectividade e imparcialidade históricas? Peguem lá.

Lindos



Esta é uma linda mensagem num dia de tolerância (de ponto), se bem que esta tolerância (de ponto) traga alguma discriminação com ela, pois é só para alguns. Por aqui, reina mais uma certa intolerância pontual.

04/04/2007

É bonito

"François Truffaut was constantly trying to improve his English during production, and he was self-conscious of his heavy French accent. When he delivered the line "They belong here more than we" (after he learns the Army plans to dust the mountain with nerve gas), several crew members thought he had said "Zey belong here, Mozambique." Several T-shirts were printed with this quote as a joke; when he heard about it, Truffaut burst out laughing."

in trivia, imdb.

Foda-se

... ou coisas que vou remeter para 2º plano (2º? Bah! O mais último dos planos!) para sentir que as supero.

Mesquinhices, intriguinhas, raivinhas, frustrações recalcadas, incompetências mal assumidas, julgamentos a priori, falsos puritanismos, ausência de sentido de: humor; ridículo; perspectiva;, arrogância, ignorância arrogante, vitimizações, autocompadecimentos, espíritos melindráveis, agressividade gratuita.


Acho que deve haver muito mais mas, por agora, chega como exercício exorcista.

30/03/2007

Tita

Eu sou a TITÁ há dois anos. O meu irmão não é nenhuma judite.

29/03/2007

E agora?

Agora, é altura para alguma interactividade consigo, caro blogoleitor. Imagine que o tempo recuou até bem antes de 11 de fevereiro de 2007. António pedro está grávido. António pedro está empregado, mas numa situação contratual precária. A sua parceira não parece querer ter qualquer papel na decisão que antónio pedro deverá tomar. Para falar verdade, judite é uma pessoa muito pouco empenhada na relação em que está envolvida. António pedro tem 31 anos e o seu relógio biológico marca a pontualidade do momento. António pedro, grávido, 31 anos, vive em casa dos pais. Não lhe vou pedir a si, caro blogoleitor, para tomar uma decisão por antónio pedro. Apenas lhe peço que faça o exercício de se pôr na sua pele e de dar largas aqui à sua imaginação, expressando o que sentiria. Você não decide, você expressa-se.


PS- Se desejar obter mais dados sobre esta pequena ficção, sinta-se à vontade para colocar qualquer questão. Blogadora grata e ao dispor.

28/03/2007

O gravido

António pedro dirigiu-se à farmácia bem cedo, pela manhã, antes de ir para o trabalho. Levava consigo uma amostra de urina embrulhada num saco plástico, embrulhado noutro saco plástico. O farmacêutico apercebeu-se da melindrabilidade da situação e prontamente atendeu o pedido de antónio pedro, ensaiando alguma discrição. Quando voltou com o resultado, o farmacêutico sabia que o momento não era de alegria e apenas sussurou um "deu positivo". António pedro só teve tempo de agradecer com o olhar mais desorientado do mundo e com um aflito arfar de ansiedade. E agora? António pedro, aos 31 anos, ainda vivia na casa dos pais, a namorada instável e caprichosa não tinha nem parecia querer ter e tomar um rumo certo na vida, o trabalho dava algum dinheiro mas não era certo, era uma daquelas maravilhas contratuais renováveis ao fim de cada mês. Mais do que nunca, antónio pedro sentiu-se irremediavelmente fodido. Estou fodido. E grávido. E tenho que apanhar o autocarro. E tenho de ir para o trabalho. E tenho que me acalmar porque não consigo parar de tremer. E tenho que falar com a judite. E dizer-lhe... que a culpa é dela, era o que me apetecia. Dizer-lhe que vai ser mãe... a judite? Nem que a criança nasça ela terá alguma vez essa capacidade. Dizer-lhe que me engravidou. Mas eu também estive envolvido nisto, não? Dizer-lhe o quê? Mas antónio pedro já estava com o número de judite marcado e com o telemóvel encostado ao ouvido. Diz. Era a voz despreocupada de judite no outro lado. Fui à farmácia agora, judite. E depois? Alheia. Tu sabes que não tiveste cuidado daquela vez... sabes que não tivemos cuidado. O que é que foi? Impaciente. Porra, judite! Estás parvo? Vê lá se te acalmas.Que queres? Fria. Judite, estou grávido. Oh! Incomodada. E agora? Esquiva. Que é que vais fazer? Desinteressada. Vou desligar o telefone. (continua).

13/03/2007

É que e mesmo

Fodido. Estou desanimada. Só volto a postar quando acabar o suplício da carta. Comentários, sim. Posts, não. Há por aí alguém que tenha chumbado mais do que uma vez no exame de condução?

05/03/2007

28/02/2007

Super estimaçoes

Sempre que venho da casa-de-banho, aqui, neste 9º andar, tenho que olhar pela janela, espreitar os quintais e ver um gato. Pelo menos um. Quando venho pela rua fora, tenho que conseguir chegar à próxima tampa de esgoto (que bonito), ao próximo poste, ao próximo marco de correio, antes que o carro que vem atrás de mim me ultrapasse. Quando a minha irmã está para chegar de alguma viagem, tenho que ver algum carro com hc na matrícula até que fique descansada. Quando fazia as minhas intermináveis viagens de camioneta para lisboa, tinha que ver, ao longo do percurso, um bichinho qualquer. Até uma abelha servia. Um pardalito. Uma traça. À 6ª feira, posso tomar café. Mas só à 6ª feira. E só posso respirar depois da luz do cinto de segurança apagar.

27/02/2007

Curriculum

- Instrutora de miúdos carenciados e carentes num centro social em rio tinto.
- Empregada de escritório numa fábrica de confecções alemã, localizada na trofa.
- Entregadora de papelinhos de desconto para embalagens de crystal color e colorelle, em hipermercados distribuídos entre porto, gaia, matosinhos, maia, rio tinto e braga.
- Recepcionista/telefonista na empresa representante das marcas hyundai, lotus, bentley e rolls royce, à senhora da hora.
- Vendedora de bugigangas, jóias e bijuterias para a sra. d.ª maria das dores, no shopping center brasília.
- Trabalhadora numa roullote de cachorros, situada na foz, durante 3 fins-de-semana, para desenrascar a cecília.
- Entrevistadora porta-a-porta para uma empresa de pesquisas de mercado, cujo objectivo consistia em apurar o nº de famílias que consumia regularmente packs de gelados comprados em grandes superfícies.
- Distribuidora de panfletos publicitários entre porto, moledo do minho, monção, ponte de lima e arcos de valdevez .
- Empregada de pronto-a-vestir de marca francesa na loja de sta. catarina, às ordens do chefe isabel, e na loja do arrábida shopping.
- D.j. na noite de inauguração de um conhecido bar de praia na foz, em substituição do pedro.
- Promotora e trajadora de uma horrível vestimenta da marca marlboro, em estações de serviço da a1.
- Organizadora da 4ª semana internacional da publicidade da universidade fernando pessoa.
- Pseudo-estagiária numa filial do porto de uma multinacional de publicidade, como 'copywriter' ou chefe de grupo, era conforme.
- Pseudo-estagiária de uma oficina de artes gráficas no centro do porto, sob a direcção de um chefe ultra-irascível, mas que sempre foi muito simpático e atencioso comigo (?).
- Hospedeira do pavilhão do japão, com muito orgulho, durante a expo 98, em lisboa.
- Funcionária de uma loja de discos de grande reputação internacional, no centro comercial via catarina.
- Bar stewardess a bordo do dawn princess e do sea princess, desde o alasca, passando pelo canadá. califórnia, méxico, costa rica, atravessando o canal do panamá, paragem em cartagena, e terminando nas caraíbas, com paragens semanais na florida, bahamas, jamaica, grande caimão e cozumel.
- Vencedora de 900 contos em passagem pelo quem quer ser milionário de carlos cruz.
- Funcionária das lojas francas de portugal no aeroporto da portela.
- Alugadora de carrinhos eléctricos para passeio, de uma empresa portuguesa controlada por um grupo de supê-tios completamente tresloucados, durante a expo 2000 de hanôver.
- De novo, funcionária de uma loja de discos de grande reputação internacional, mas que acabou por fechar em portugal.
- Guia para visitas em português, inglês, espanhol e francês nas caves de vinho do porto sandeman, em que trajava como o símbolo da marca. Giro, hã?
- Faz-tudo (hospedeira, bengaleiro, paquete, etc) na feira da sap, na fil.
- Apanhadora de morangos numa quinta sinistra, recheada de refugiados, algures em marden, hereford, inglaterra.
- Lavadora de tachos e panelas maiores que a minha pessoa, no prestigiado restaurante do inventor do código de barras, situado no centro de hereford.
- Empregada de mesa num hotel de 3 estrelas em banbury, inglaterra (ride a horse, to banbury cross...).
- Vendedora de timeshare por telefone, de novo em hereford.
- Frequentadora de curso de técnicos de turismo para licenciados desempregados.
- Estagiária como técnica de turismo na filial lisboeta da agência de viagens cosmos.
- Guia para visistas em português, inglês, espanhol e francês nas caves de vinho do porto ferreira, desta vez trajando como uma dama do séc. xix. Cool...
- Frequentadora de curso de novas tecnologias da informação, destinado a jovens licenciados no...desemprego.
- Guia para visitas em português, inglês, espanhol e francês nas caves de vinho do porto offley, onde trajava algo normal, vá.
- Ganhadora de edição do concurso 1 contra todos do malato, onde este senhor me fez levar para casa 33 mil euros.
- Desde então, copywriter ou algo parecido, aqui neste 9º andar, com vista sobre o palácio de cristal.

21/02/2007

Óscares oscares

Adoro os óscares. Adoro a indústria cinematográfica de hollywood. Adoro que seja uma indústria. Adoro uma indústria que cria e fabrica histórias. Que faz tanto dinheiro com isso. Que tem tanto poder. Que mobiliza tantos poderes. Que implanta consciências. Que produz memórias. Que inspira metáforas. Que inventa linguagens. Que se faz com realizadores, actores, produtores, guionistas, técnicos de som, de fotografia, de guarda-roupa, de animação, e adoro que todos possam almejar um prémio de uma vida por isso. Adoro que os filmes sejam bons, sejam maus, sejam o que se quiser que sejam, e ainda estejam tão sujeitos à opinião de cada um. E adoro que cada um tenha a sua opinião sobre cada filme. Goste, não goste, mas que tenha interpretado à sua maneira aquilo que viu. E adoro saber o que cada um pensa sobre aquilo que viu. Eu, regra geral, acabo sempre por encontrar algo que valha a pena ver a cada filme que assisto. Há sempre alguma coisa. Uma imagem, um diálogo, uma música, um movimento de câmara, um olhar, uma personagem, um actor incrivelmente lindo, sensual ou enternecedor, uma actriz tão incrivelmente linda que só me apetecia estar debaixo da sua pele. E, depois, numa grande festa, recebem prémios em glamour, em celebração, em apoteose. E, a cada ano, eu sou daquelas que me ponho a sonhar com o dia em que subindo ao palco, entre lágrimas comovidas e sorrisos eufóricos, exclamarei para a plateia: thank you, thank you all, thank you.

15/02/2007

Dub-lim

Dublim com éme. Ou mê. Se escrevemos londres, também devemos escrever dublim. E glásgua. E hanôver. E ruão. E friburgo. E cidade do cabo. E abijã.
Guiness, stout, leprechaun, pog mo thóin, st. patrick, temple bar, ulysses.
Jameson, whiskey, vice-roy, jonathan swift, irish coffe, michael collins.
Oscar wilde, trinity college, wall flowers, the great famine, shamrock.
Bono and the edge, liffey, hibernia, dubh linn, yeats, o'connell street.

09/02/2007

Sim

Porque uma das condições máximas à vida tem que ser o desejo que ela exista. Um homem e uma mulher não devem ser apenas procriadores. Devem ser pais, em toda a plenitude de vontade, preparação e entrega que este papel exige. Porque decisões tão íntimas não devem ser expostas, avaliadas e julgadas em barras de tribunais, nem ficar à mercê de moralismos alheios. Porque alguma coisa tem que, finalmente, mudar.

06/02/2007

Dubliners

Dia 10 vou a dublim. Como não encontrei o guia do american express, ou mesmo um outro qualquer, e como ficaria insatisfeita por perder outras atracções do país e, por isso, dispensei a compra de um guia de toda a irlanda, optei por gente de dublim. Pronto! Boa viagem para mim.

05/02/2007

O grande nao portugues

Os grandes portugueses. A memória é tão curta ou a ignorância é tão imensa, que só um nome se impõe: salazar. O nome é sonante (é impressionante como os ditadores conseguem ter nomes sonantes: mussolini, franco, pinochet, estaline, pol pot, papa doc, mobutu sese seko, etc), tem uma sonoridade bem mais harmoniosa do que, por exemplo, aristides sousa mendes. De resto, fora a fonética do nome, salazar é uma nódoa de personalidade, comparado com o diplomata de cabanas de viriato. Nem sei porque carga de água haviam de ser comparados, não fosse o concurso. O concurso. Segundo aquilo que já vi, está tornar-se num manifesto viva salazar, em que os espectadores ligam para relembrar os grandes feitos desse grande benfeitor da nação. Ele construiu escolas nos mais recônditos lugares do nosso portugalinho, ele livrou-nos do mal da guerra, ele foi o governante da mais longa ditadura da história da europa, enfim, uau, cool. Mas o mais engraçado foi ouvir um senhor a dizer que aristides sousa mendes nunca poderia ser eleito o maior português de sempre pois nunca tinha feito nada por portugal. Na opinião deste senhor, aristides sousa mendes foi apenas um homem bom (gostei da humildade desta ressalva, quase me comovi) mas não nos deixemos enganar, ele apenas ajudou uns estangeiros, na maioria judeus, a conseguirem uns vistos para irem enriquecer na américa. Uns ingratos que nunca mais quiseram saber daquele que os ajudou, ou melhor, nem sequer foi ele que os ajudou. Não, na verdade, foi tudo obra de... quem, quem? Do bom do salazar. Sim, este senhor veio pôr o ponto no i da nossa história, ao anunciar salazar como o salvador desses tais ingratos judeus que procuravam refúgio no nosso cantinho. Bem, mas então agora mudaram os critérios para a votação? Ou melhor, na cabeça do senhor que ligou, o critério para eleger o maior português de sempre é o seu contributo à nossa nação? Fazer bem a estrangeiros não conta, tem é que fazer bem aos portugueses? Então, já sei quem é. Deixou-nos um espólio cultural, caritativo e científico incomparável, na forma de uma das doze maiores fundações em todo o mundo. Só há um problema: não é português. Nasceu na arménia e renacionalizou-se inglês.

01/02/2007

Disney especial

Os comilões, os astronautas, os sortudos, os cozinheiros, os músicos, os fora-da-lei, os azarados, os milionários, os automobilistas, os feiticeiros, os apaixonados, os preguiçosos, os garimpeiros, os piratas, os jornalistas, os turistas, ...

29/01/2007

Love Boat

Seward. Yukon bar. Zz tops barbudos e tatuados a jogar snooker, índios inactivos de copo na mão e olhar parado, gajas gordas, liquidamente gordas, de olhos desbotados, cabelos pintados de preto nórdico e t-shirts ferozes, a tentarem poses cool.
15 dias.
Vancouver. Purple onion. Magotes de protótipos de bandas grunge, miúdas saídas directas de puff shops, coloridas, freneticozinhos de garrafa de água na mão.
15 dias.
Seward. Yukon bar. 2 e meia da manhã e não escurece.
15 dias.
Vancouver. Purple onion. 2 da manhã, last call for alcohol e está a fechar o tasco.
15 dias.
Seward. Yukon bar. São 3 da manhã e está tudo a rockenrollar. Os filipinos convidam todas as gordas disponíveis para dançar. Os romenos tentam disputar a mesa de jogo com os zz tops desconfiados, mas aceitam-se apostas.
15 dias.
Vancouver. 2 e meia da manhã. Apanhar a boleia de um taxista sikh até um dennis para comer qualquer coisa. E a noite, a estas latitudes, é uma coisa muito breve durante o verão.

24/01/2007

Poema haiku

Na divisória de banho
a tua pele,
gota a gota.

23/01/2007

Divisoria de banho

Que nunca se subestime a importância de uma divisória de banho. O que seria de uma das mais emblemáticas cenas do cinema americano se, no lugar de uma cortina de banho, estivesse uma divisória em vidro temperado e transparente? Mesmo que fosse fumado.

Volto ja

De momento, encontro-me ocupada a redigir um texto publicitário sobre divisórias de banho.

19/01/2007

Vintage datados

Coisas que ficaram guardadas no século XX.

Disco de vinil.
Máquina de escrever.
Telex.
Papel químico.
Fralda de pano.
Cassete.
Gravador de cassetes.
Caixa de furos para ganhar chocolates.
Máquina de rodar para dar bolinha de chiclete às cores.
Foguete de lançar por uns trilhos e fazer não sei o quê que estava sempre presente no que havia de mais parecido com um parque de diversões.
Nota de vinte escudos.
Máquina manual de ralar carne que se prendia à mesa tipo torno.
Gasosa.
Nota de cinquenta escudos.
Master vision.
Zx spectrum.
Cromos para colar com cola.
Renault 5.
Nota de cem escudos.
Cubo mágico.

18/01/2007

Pa, continuaçao

Pá, depois a cena era que os trans-abissíntios tinham chegado à conclusão que o conceito de nação ou país teria que ser remetido à condição de convenção, ou seja, para todos os efeitos, as nações trans-abissíntias deixavam de existir formalmente. Era tipo: as pessoas continuavam a ser o que quisesessem, abissulmanos, abimeuros, abissauros, abissanhezes, mas, em locais públicos, estavam impedidas de ostentar símbolos nacionalistas como bandeiras, trajes nacionais, cantarolar hinos, até falar a sua própria língua podia ser manhoso. E a joséphine tinha que se adaptar, senão, estava fodida. Para o jean-paul era mais fácil. Até na franco-provença um gajo podia andar, naturalmente, de tronco nu. Agora as gajas, nem as putas andavam na rua assim. Que cena.

16/01/2007

Cai o veu

Joséphine era uma jovem oriunda de uma família remediada, que tentava construir a sua vida com o seu noivo de longa data, na sua franco-provença natal. Jean-paul, o noivo, era um rapaz lutador e ambicioso, fluente em abissíntio, a língua mais falada no novo continente da trans-abissíntia. Esta era agora a região mais rica de todo o planeta, para onde convergiam os principais fluxos de migração mundiais, pois os índices de crescimento económico da nova terra eram por demais atractivos, o nível de vida era incomparável, o poder de compra inigualável, a oferta de emprego generosa e irresistível. Na cabeça dos dois jovens provençais, a trans-abissíntia era a promessa terrena de futuro, de dias melhores, e empenharam-se como puderam para alcançar o precioso visto e passaporte obrigatórios para cumprirem o seu sonho. Mas, ao chegarem à trans-abissíntia, descobriram o preço a pagar pela abundância e fartura da nova terra: o preço da integração. De facto, os trans-abissíntios insistiam no direito de exigir tal preço aos cidadãos estrangeiros, para que os seus costumes e modos de vida fossem preservados, e todos os ideais por que tinham lutado e sofrido fossem sempre respeitados, assimilados e, acima de tudo, reconhecidos como produto de uma civilização intelectualmente superior, capaz de distinguir o rumo certo da história com uma clarividência algo divina e inquestionável, como qualquer outro povo habitante da terra instintivamente perceberia. Bom, tudo estava bem, não fosse o facto de joséphine ser uma jovem ocidental de costumes tradicionais, para quem o hábito trans-abissíntio de andar de tronco nu causava algum desconforto. Não tinha nada a dizer em relação ao facto de as mulheres trans-abissíntias o fazerem descontraidamente, ela já sabia que este era o costume vigente da nova terra, mesmo antes de lá chegar. Só não encarava bem quando faziam observações à indumentária que insistia em usar, que continuava fielmente franco-provençal, revelando sempre a sua origem ocidental. Na minha terra, tentava argumentar sempre que lhe sugeriam para tirar a blusa ou a t-shirt, perderia imediatamente o emprego por andar destapada e os senhores ainda apanhariam com um processo por assédio, ou apanharia eu, por atentado ao pudor.

15/01/2007

Que cena

Angela (elizabeth taylor) despede-se de george (montgomery clift): adeus, george.
Volta-se e dirige-se de novo a george: parece que passámos os melhores momentos das nossas vidas a despedirmo-nos.

11/01/2007

Get a life

Mas porque é que, no natal, a estação pública oferece um tempo de antena ao cardeal patriarca de lisboa, onde o senhor, porque lhe apetece, resolve fazer campanha a favor do não para o referendo à despenalização do aborto? À puta que o pariu. O que mais me irritou foi o facto do sr. josé da cruz policarpo começar muito bem, ah e tal, a exclusão social sim senhor, um mal dos nossos tempos... e eu a pensar cá comigo: sim senhor, depois daquela reportagem das pessoas que se vão alimentar aos contentores de lixo dos super-mercados, ainda bem que alguém se lembra delas para falar neste momento porque (pausa). Não é que o caralho do bispo começa a falar nos hoteis que impedem as famílias com crianças pequenas de se acomodarem nas suas instalações? Mas que pôrra de comparação é esta, quando se está a falar de exclusão social? Mas que pena ou compaixão devo eu ter das famílias ricas que levam a filharada para umas boas férias em hoteis de luxo? Isto é o melhor exemplo de exclusão social que o senhor tem para mostrar? Se todos os hoteis implementassem esta política, já o caso seria diferente, mas nem assim seria a melhor ilustração de exclusão social para um alto representante de uma instituição que diz olhar pelos mais desfavorecidos se lembrar, no meio da solenidade da sua mensagem de natal, via rtp. Mas a igreja quer crianças, quer vida? Então porque é que continua a impôr o celibato aos padres? Senhores do clero, senhores... vão foder um bocadinho e arranjem uma vida.

Estava na Tabu

Depois de um post onde não disse nada, resolvi folhear uma revista que a ausência de trabalho me trouxe às mãos. Tratava-se da revista tabu, suplemento do semanário sol. Já no fim da revista, surpreendi-me com uma curiosa coincidência. No artigo da sra. carla hilário quevedo dou com uma coluna intitulada "pessoa profético" onde, a propósito de outro artigo dedicado à blogosfera, de outra revista de outro jornal, no caso o argentino el clarín, se cita a determinada altura bernardo soares, para introduzir uma definição de blogger. Cá vai:
Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho a dizer.

Ahahahahah, não é engraçado?

Peço desculpa pelo texto ao melhor estilo matrioska. Sou muito dada às vírgulas.

10/01/2007

Dizer nada

-Tou, Susana, és tu?
-Não. De momento não estou. Deixa mensagem.

Do que eu precisava era deste espaço branco para encher de letras, das que me apetece. Não quer dizer nada, nem quero dizer nada. Quando quiser, ligo eu. Para já, escrevo. Mas sem dizer nada.


fg nsohas j tq g klo tbnoghç fghki aoodngf kk pm wpy k o lm


Como já disse, não disse nada.

08/01/2007

Um dia

Um dia, apercebi-me de que não conseguimos armazenar na memória cada momento, cada instante, cada segundo que passa. Eu, que tenho uma memória de que me gabo, perdia informação constantemente, se nada de significativo marcasse estes agoras sucessivos e esquivos, rápidos, fugaz, passou. Humm... Estava sentada na cadeira de palha, na sala, em frente à televisão, a minha irmã deitada no sofá, atrás de mim. Um belo momento de doce insignificância, quando este pensamento se formou. Decidi: é este, vou gravá-lo e, a partir de agora, quando me lembrar, registarei pequenos filmes dos nadas da minha vida. Também servirão para alguma coisa.
Já me lembrei de fazer isto, várias vezes. Até hoje, o único episódio que ficou devidamente registado foi esse, em que não fazia nada a não ser olhar para a televisão ligada, num dia em que a luz do sol entrava pela sala adentro, coada pelas cortinas, e em que a minha irmã se afundava aveludadamente no sofá, quando essa sala me parecia, ainda, imensamente maior do que quando a vejo agora.

Abrir com Whitman

(...)

Bois que fazeis ressoar a canga e a corrente, ou à sombra descansais,
que exprimis nos vossos olhos?
Parece-me que muito mais do que toda a palavra impressa que na minha vida li.

(...)

Walt Whitman, Canto de Mim Mesmo, Folhas de Erva

05/01/2007

UM BLOG

E pronto. É fodido. Tinha que ser. Tenho um blog.