05/02/2007
O grande nao portugues
Os grandes portugueses. A memória é tão curta ou a ignorância é tão imensa, que só um nome se impõe: salazar. O nome é sonante (é impressionante como os ditadores conseguem ter nomes sonantes: mussolini, franco, pinochet, estaline, pol pot, papa doc, mobutu sese seko, etc), tem uma sonoridade bem mais harmoniosa do que, por exemplo, aristides sousa mendes. De resto, fora a fonética do nome, salazar é uma nódoa de personalidade, comparado com o diplomata de cabanas de viriato. Nem sei porque carga de água haviam de ser comparados, não fosse o concurso. O concurso. Segundo aquilo que já vi, está tornar-se num manifesto viva salazar, em que os espectadores ligam para relembrar os grandes feitos desse grande benfeitor da nação. Ele construiu escolas nos mais recônditos lugares do nosso portugalinho, ele livrou-nos do mal da guerra, ele foi o governante da mais longa ditadura da história da europa, enfim, uau, cool. Mas o mais engraçado foi ouvir um senhor a dizer que aristides sousa mendes nunca poderia ser eleito o maior português de sempre pois nunca tinha feito nada por portugal. Na opinião deste senhor, aristides sousa mendes foi apenas um homem bom (gostei da humildade desta ressalva, quase me comovi) mas não nos deixemos enganar, ele apenas ajudou uns estangeiros, na maioria judeus, a conseguirem uns vistos para irem enriquecer na américa. Uns ingratos que nunca mais quiseram saber daquele que os ajudou, ou melhor, nem sequer foi ele que os ajudou. Não, na verdade, foi tudo obra de... quem, quem? Do bom do salazar. Sim, este senhor veio pôr o ponto no i da nossa história, ao anunciar salazar como o salvador desses tais ingratos judeus que procuravam refúgio no nosso cantinho. Bem, mas então agora mudaram os critérios para a votação? Ou melhor, na cabeça do senhor que ligou, o critério para eleger o maior português de sempre é o seu contributo à nossa nação? Fazer bem a estrangeiros não conta, tem é que fazer bem aos portugueses? Então, já sei quem é. Deixou-nos um espólio cultural, caritativo e científico incomparável, na forma de uma das doze maiores fundações em todo o mundo. Só há um problema: não é português. Nasceu na arménia e renacionalizou-se inglês.
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8 comentários:
pelos vistos o Aristides até era um bocado judeu - - por isso não pode ser um grande português, só boa pessoa. o antónio oliveira só foi o maior Filho da Puta português. Se calhar não é uma Cena Memória Curta, se calhar é uma Cena Português Igual a Filho da Puta ou sei lá - - cenas. O concurso não vale nada mas tava-se mesmo a ver q ia dar para o torto.
no tempo do salazar não havia droga, agora é uma coisa banal e as finanças, as finanças estavam mesmo bem, não faltava dinheiro a ninguém, provavelmente será por isso que os meus pais começaram a trabalhar com 9 anos - - espera lá - mas o gajo era mesmo fixe e construiu escolas para toda agente, até no cú de judas, que gajo fixe - - se calhar os meus pais eram mas é uns malandros e não gostavam nada da escola.
no tempo do salazar havia respeito nas escolas - - só gostava de saber porque é que no dia 25 de abril de 1974 o prof primário cá da zona se pirou para o Brasil e quando os meus tios chegaram a casa do gajo para os "festejos", a casa estava totalmente destruida, só ficara a porta da rua. o gajo devia ser mesmo fixe, tão fixe que o pessoal nunca mais o conseguiu esquecer. quando dava aulas perguntava-me muitas vezes se alguma vez conseguiria ser tão inesquecível como esse gajo.
vocês pá, os gajos de esquerda - foge - - que cena
a malta que telefona e vota nesse boi, parece que se esquece que se o gajo mandasse não podiam telefonar para opinar livremente nem votar. se calhar eles preferiam viver assim. gajos fixes, que mais um bocadinho e recomeçavam a metralhar a Guiné - tipo - aquela merda é nossa até ao fim. sei lá - tou mesmo a aparvalhar mas estas tangas comem-me os miolos ... e o coração.
frase feita - NENHUMA LIBERDADE AOS INIMIGOS DA LIBERDADE
que intransigente/intolerante gajo de esquerda
O concurso já valeu a pena para testemunhar a lucidez de raciocínio do rap e, para mim, vai valer a pena assistir a alguns dos filmes de defesa das personalidades. Estou curiosa para ver o da clara ferreira alves sobre o pessoa, o da ana gomes sobre o vasco da gama, o do josé miguel júdice sobre o aristides sousa mendes e o do gonçalo cadilhe sobre o infante d. henrique. Também gostei de ver a maria elisa na condução do último programa. Gostei de ver alguém a confrontar "o pobão" com a sua infinita ignorância e com a elegância com que ela o fez. Mas salazar é um nome sonante. Fica bem como terrorista "hispânico", embora seja apenas nome de utensílio de cozinha.
desculpa, estava irritado, mas já passou.
Eu também estava irritada, aliás, continuo irritada. E acho que não tenho tantos motivos como tu. Eu não, mas a minha mãe testemunhou tantos casos de miséria extrema enquanto era pequena, e a maior parte dos irmãos teve que privar-se da educação a que tinham direito, já para não falar das perseguições políticas a que assistiu muito de perto. Este concurso mostra bem a fraqueza de ideias deste pessoal, alguns por ignorãncia crónica, outros por ressabiamento acumulado, outros, vá-se lá saber porquê.
Não, não entrámos na grande guerra, mas fomos conduzidos a uma guerra estúpida e sem fundamento, politicamente inexplicável, com o 'resto do império'.
Quanto à intenção do concurso, fora as salvaguardas mencionadas, como disse há poucos dias mário soares, é um disparate do princípio ao fim.
Salazar, mostrou-nos que o país perfeito existe, desde que se ouça e não se fale, desde que não se conteste. Desde que se veja o que a maravilhosa propaganda pode fazer por nós. Fizeram-se escolas, pontes, casas, autoestradas, erradicou-se a fome -pena que só a um milhão- incentivando ao consumo de vinho, não fomos á guerra, o Eusébio não saiu do Benfica, a Amália cantava o fado, para não haver desculpa para não ir votar de vez em quando instituiu um partido único para o voto não ser preciso, tornou o Alentejo num enorme celeiro, contribuiu para o enriquecimento da música portuguesa ao incentivar os escritores de letras a puxarem pela imaginação e acima de tudo fez-nos ver a grande nação que somos, mesmo que grande parte da nossa população não conhecesse mais nenhuma.
Digam lá que não merace ganhar?
Consolo: Salazar está para "Os grandes Portugueses" como o Zé Maria está para o "Big Brother". Não perdoa mas atenua!
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