08/01/2007

Um dia

Um dia, apercebi-me de que não conseguimos armazenar na memória cada momento, cada instante, cada segundo que passa. Eu, que tenho uma memória de que me gabo, perdia informação constantemente, se nada de significativo marcasse estes agoras sucessivos e esquivos, rápidos, fugaz, passou. Humm... Estava sentada na cadeira de palha, na sala, em frente à televisão, a minha irmã deitada no sofá, atrás de mim. Um belo momento de doce insignificância, quando este pensamento se formou. Decidi: é este, vou gravá-lo e, a partir de agora, quando me lembrar, registarei pequenos filmes dos nadas da minha vida. Também servirão para alguma coisa.
Já me lembrei de fazer isto, várias vezes. Até hoje, o único episódio que ficou devidamente registado foi esse, em que não fazia nada a não ser olhar para a televisão ligada, num dia em que a luz do sol entrava pela sala adentro, coada pelas cortinas, e em que a minha irmã se afundava aveludadamente no sofá, quando essa sala me parecia, ainda, imensamente maior do que quando a vejo agora.

1 comentário:

isabel disse...

um dia apercebi-me que ao cheirar um certo aroma vi a tua cara :) (creme para cabelos secos equave revlon) mas afinal o creme até era meu (....) mas é assim, cheiro um perfume e lembro-me das pessoas, e veio tudo à cabeça (estava eu nos states e a minha Mãe mandou-me por correio o kit completo,shampoo, tónico e o creme azul)veio a Expo '98, e daí xiiiiii...o que veio daí...uma lágrimazita talvez :(
quando não há espaço para guardar mais informação espeto-lhes com um perfume, ou com uma musica, tem o mesmo impacto. Mas porquê?
E tb deixo de gostar dos cheiros/musicas quando a situação não me agrada. Gostava muito do l'eau d'issey para homem, até o ofereci ao eduardo em 14 de fevereiro /2006. Agora já não gosto.