Descascar ervilhas ou favas. Tirar as camisas das favas. Favas e ervilhas em sacas de plástico monocromáticas e desprovidas de "dizeres". Sábados e domingos à tarde, sentada ao pé da mãe, a assistir ao júlio isidro ou à casa da pradaria. Época de comunhões, fatiotas para as festas, vestidos costurados, aos favos e com golas debruadas. Flores pelos caminhos, de todas as variedades, sendo as minhas preferidas umas pequeninas, de pétalas lilases e minúsculas, em forma de escova de lavar biberões, ou as perfumadas e clássicas rosas de santa teresinha. Em miramar, cobriam paredes inteiras e eram uma verdadeira festa para os sentidos infantis, prontos e novos a estrear. As heras escureciam as paredes, as rosas pontilhavam-nas na suave cor pastel. As cerejas borbulhavam nos caixotes de fruta das mercearias. Quanto mais rubras, mais convidativas, por mais conselhos que ouvisse sobre as qualidades açucaradas das de saco. Até os magnórios eram apelativos, graças à sua especificidade sazonal. Sabiam a sol e àqueles dias maiores. Mês da nossa senhora. Mês de interromper a classe para frequentar o coro. Mês de homenagear os pastorinhos que, tão pequeninos como nós, receberam a benção de ver a nossa senhora, num bonito dia de primavera, um dia tão bonito agora como outrora.
No primeiro dia, ramos com flores amarelas à porta. São as maias, é maio à porta. É o início, outra vez.
04/05/2007
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