Nunca o sol brilhou na minha cara assim. De manhã e já forte. Revigorante. Limpo. Prometedor.
Todas as manhãs desfilava naquela passarela de tábuas até chegar ao palco mais feliz do mundo. E era mesmo um palco do mundo.
Os meus rituais japoneses seguidos à risca todas as manhãs, do 1º ao último dia de trabalho, lembravam-me porque estava ali, antes de tudo o mais. Inseri-me numa cultura diferente e aceitei-a com a humildade de quem faz uma experiência com o único intuito de conhecer. Curiosidade pura. Um deslumbre infantil ou ingénuo, fruto da minha virgindade viageira. Não podia ter corrido melhor.
Uma casa (o moquifo) partilhada a 3. Uma porta arrombável, a segurança extrema. Boa noite, sr. sem abrigo. Desculpe o mau jeito, é só para abrir a porta, com licença. Liberdade total para uma decoração personalizada. Um altar polinésio à beleza masculina logo à entrada, como sinal de boas-vindas. Uma rua em pleno centro da capital, um luxo. Para quê televisões quando existe uma janela num lugar assim? E um gil por cada par de circunferências.
Todas as noites, um sentimento de alegria urgente. Pressa para divertir. Espectáculos, visitas, conversas à beira-rio, copos e danças, desfiles de looks improvisados, olás a gente de todos os lugares, de todos os continentes. Luzes, barcos, jardins, esplanadas, boa mesa, música, festa estampada nas caras bem-dispostas. Um sentimento latente de que tudo ia acabar, um sonho desperto, não havia tempo a perder.
E tudo acabou num magnífico, estrondoso, espectacular festival de fogo de artifício. Mesmo como convinha. Apesar de toda a vontade de querer voltar um segundo atrás, que fosse.
Deus, quando é que posso voltar a ter 26 anos outra vez? Dá-me uma ficha só para mais uma voltinha.
20/04/2007
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2 comentários:
Posso atrever-me a tentar?
Konitchua e...arigatogozamass (nunca soube escrever mas sei dizer!!!)
Quando comecei a ler pensei que estivesses a atrever-te falar de outra coisa qualquer, e o comentário já ia ser 'ai não meu estupor, o sol nunca te brilhou assim na cara?E logo tu que estavas mesmo ali em frente ao rio na Expo '98??O que foi aquilo então?' Mas pronto, afinal estavas a falar do mesmo assunto que já me estava a passar pela cabeça. Com a Sofia tenho falado bastante acerca desses dias, da paz, das mocas, dos risos, do LUXO e da classe....e acima e tudo, isso mesmo, de termos tido o sol a brilhar na cara ali todos os dias, e...gratuitamente!
Há coisas fantásticas, não há?
ai su. ai su. ai su.....
Minha nossa, afinal eu não tinha esquecido nenhum dos detalhes, mas nunca o teria posto no 'papel' tão bem quanto tu. Vai uma barata?
'Chef (le)
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